22 de julho de 2024
112 anos depois: é tempo de eleger a primeira mulher à reitoria da UFPR
Com 112 anos de história encabeçada exclusivamente por figuras masculinas, uma candidatura feminina para reiniciar essa conta.

O ano é 2024. E a oportunidade de eleger a primeira mulher à reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR) bate à porta. Em 19 de dezembro de 1912, Victor Ferreira do Amaral e Silva, primeiro reitor e um dos fundadores da então chamada “Universidade do Paraná”, jamais imaginaria a proporção que ela tomaria. Depois de 112 anos, os processos de evolução da mais antiga instituição de ensino com concepção de universidade do Brasil, exigem atualização. A (r)evolução pela qual a sociedade e o ensino passam há mais de um século, colocam em pauta a necessidade de recalcular a rota e fazer da representatividade a palavra de ordem.
A alta administração da universidade responde às demandas da comunidade acadêmica e é composta por duas unidades administrativas: o Gabinete do Reitor (GR) e do Vice-Reitor. Cabe ao GR promover a aproximação entre a gestão e a comunidade acadêmica, avaliando solicitações e problemas, coordenando atividades de representação dos interesses da administração, gerindo a integração político-administrativa e estreitando o relacionamento com a comunidade.
Responsável pela tomada de decisão, o profissional que ocupa tal posição deve ter competência técnica, sem deixar de lado a atenção necessária ao suporte da comunidade acadêmica. E isso por se tratar, primordialmente, de pessoas. Porque a UFPR existe tão somente pela presença de cada um, seja estudante, docente ou servidor técnico. À autoridade máxima da universidade cabe, portanto, o zelo para com os personagens que representam o porquê de sua atuação.
Ao todo, 16 pessoas já ocuparam a cadeira de reitor. Foram 15 homens e uma mulher, vice-reitora ficou no exercício da Reitoria e depois foi nomeada como reitora pro tempore. Isso ocorreu devido à renúncia do então reitor Carlos Augusto Moreira Junior, que deixou o cargo para concorrer às eleições municipais do ano de 2008. A vice-reitora Márcia Helena Mendonça foi nomeada temporariamente ao cargo máximo da universidade por pouco mais de oito meses, para garantir a validade dos atos administrativos até que uma nova eleição fosse realizada. O episódio configura o único momento em que uma mulher esteve nesse lugar de poder na UFPR. E a oportunidade de inaugurar o uso do termo “reitora”, fixando o nome Graciela Inês Bolzon de Muniz na história da primeira instituição reconhecida como universidade no país apresenta-se agora.
O poder político das mulheres vem firmando sua consistência há séculos. Os períodos importantes da história não podem ser contados sem mencionar as conquistas femininas que acompanharam a passagem do tempo. Já faz quase 100 anos que elas alcançaram o direito de votar e ser votadas.
A iniciativa de candidatura feminina a dirigente de uma instituição federal de ensino superior simboliza mais um desses avanços. Na busca por equidade, a representatividade trazida pela mulher em cargo máximo de poder compõe o futuro da UFPR. Sua história comprova: Graciela é exemplo de representação e representatividade. Por ser das “ciências duras”, e pelo seu lugar de fala, ela comprova que chegou onde está por competência, sendo de fundamental importância para a universidade.
Chegou a hora: depois de 112 anos de reitoria exclusivamente masculina, uma candidatura feminina garante a renovação política a partir de conexões para um futuro cheio de transformações. Por meio da construção coletiva, aliada à comunidade acadêmica, a chapa composta por Graciela e Trovon quer fortalecer a universidade, superando desafios e garantindo um futuro de oportunidades e sucesso.